sábado, 30 de abril de 2011

Minha heroína.


Acordei sentindo o meu corpo rígido, olhei em volta, um quarto branco, nunca havia visto antes, mas sabia do que se tratava, um hospital. Sim, era um hospital, mas eu queria saber era o motivo de eu estar ali, lembrar-me de algo, porém, além da confusão, eu só conseguia lembrar de um rosto angelical, então desisti. Havia algo mais importante, eu estava em um hospital, algo sério devia ter acontecido comigo, afinal, ninguém vai parar no hospital por nada. Fiz uma rápida inspeção, pernas, braços, pescoço, cabeça, eu estava bem, apesar de estar com a sensação de ter ficado deitada durante séculos, não havia dor nenhuma.
Um homem entrou na sala, cabeça baixa, parecia triste, sentou na poltrona, apoiou a cabeça nas mãos, e ficou fitando o chão. Eu conhecia o seu rosto, era o mesmo que estava em meus pensamentos, mas parecia mais cansado, não sei ao certo, não conseguia vê-lo. Ele ainda estava na posição inicial, e minha curiosidade só aumentava, eu queria saber quem era ele, porque eu estava aqui e porque eu não sabia nada sobre mim mesma.
- Oi. - Arrisquei percebendo minha voz fraca e quase inaudível.
Ele levantou a cabeça repentinamente, encontrando meus olhos, os seus eram brilhantes, cheio de esperança, e rapidamente encheu-se de lágrimas. Já os meus, com certeza havia confusão. Ele aproximou-se da cama, pegou minha mão, limpou minhas lágrimas e me olhou com ternura, senti meu coração acelerar por um momento, mas logo voltou a bater normalmente.
- Minha heroína, eu sabia que voltaria para mim, eu sabia que voltaria para mim, eu sabia que me salvaria, quando eu estava lá, naquele cativeiro no meio do nada, eu só lembrava de você, eu ainda não sabia porque tinham me escolhido, eu só sabia que eu tinha que sobreviver para impedir que você morresse de preocupação.
Eu ficava cada vez mais confusa, cativeiro? Do que ele está falando?
- Desculpa, mas eu não estou entendendo nada. Quero dizer, quem é você? Por que eu estou aqui? Não, quem sou eu? - Perguntei confusa, sem saber o que eu achava que seria mais importante.
Ele deu um longo suspiro. Pegou uma cadeira e pôs ao lado da cama, olhou em meus olhos, e começou.
- Você não se lembra da coisas porque bateu a cabeça, mas eu vou tentar explicar. Nós dois éramos namorados, eu havia acabado de lhe pedir em casamento quando eu fui sequestrado, mas não foi algo comum, por mais estranho que pareça, o cara saiu voando comigo, e me prendeu em algum lugar no meio de uma floresta, não sei ao certo, eu estava preso a nem sei quanto tempo. Para mim era uma eternidade, mas então ela apareceu, a heroína mais clamada por todo o país apareceu para me salvar, - ele abriu um sorriso no canto dos lábios - uma heroína, a minha heroína... eu não sei explicar, eu só vi uma explosão e... de repente, o cara que me sequestrou estava caído morto e você estava caída no meio daquelas árvores, a cabeça sangrando. Depois um amigo nosso chegou, e você veio parar aqui, neste hospital, você entrou em coma e eu descobri que você estava grávida.
Olhei para minha barriga assustada, eu estou grávida? Uma heroína? Como assim? Tipo... Eu vivo salvando o mundo dos vilões malvados?
- Eu estou grávida? De você?
Perguntei confusa, como era possível estar grávida de alguém que nunca vi na vida? Ou melhor, que eu não tinha lembrança nenhuma. Ele deu uma gargalhada, ele estava rindo da minha cara, mas não tinha nada de engraçado
naquilo. Pegou minha mão novamente.
- Isso tudo aconteceu há dois anos, você estava em coma, nossa filha é linda, você vai adorá-la, e aos poucos sua memória vai voltar e... nós vamos continuar nossa vida. Felizes...

 Ana Mara  

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